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Meu filho foi para escola, que sentimento é esse?

Meu filho foi para escola, que sentimento é esse?
Carla Delponte
ago. 22 - 4 min de leitura
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Depois de passar anos e anos cuidando do nosso filho pequeno, é natural que a separação nos cause dor. E para mim esse dia chegou, meu filho foi para escola, que sentimento é esse? 

No primeiro dia de aula o Leo ficou apenas 2 horas na escola para começar a se adaptar, mesmo assim a sensação que tive foi muito estranha. Uma angústia, um nó na garganta, o coração apertado e a incerteza de como ele iria reagir, quais as atividades teria dentro de sala ou se ele procuraria por nós.

Eu e meu marido revezamos a primeira semana ficando na escola o período todo e aguardando a hora de sermos chamados para alimentá-lo por conta da particularidade da alimentação dele que precisa ser pastosa. Entramos por 3 dias e a partir disso ele foi ficando por mais tempo na escola sem a nossa companhia.

Já estamos na segunda semana de adaptação e o nó na garganta continua. Ontem a tarde o trouxemos para casa depois da aula. E le chegou agitado, choroso, com um jeitinho diferente. Conversamos muito com ele, com muito dengo e amor. Se ele entendeu não sei, mas acredito que conversar, tocar no seu rosto e dar o aconchego ajuda muito. Pois mesmo o Leo sendo um menino grande, ainda tem manias de bebê.

Talvez isso possa ter acontecido porque ele nunca tenha ficado sem alguém da família ao lado dele por tantas horas como ficou na escola, talvez esteja cansado ou talvez esteja pegando uma virose. Ele não fala, tem paralisia cerebral, então não nos explica o que tem. Deus, como é difícil entender!

Relutamos muito em colocá-lo na escola, tentamos quatro vezes. Primeiro o levamos a uma escola regular que não era especializada em crianças com deficiência, uma ótima escola aqui em Curitiba (PR). Meu marido ficou com ele um dia apenas e não deu certo. Leo ficou assustado com o barulho, que não é pouco quando muitas crianças estão juntas e animadas rs. Além disso, percebemos que teríamos que contratar uma tutora e também não haveria terapias na escola. Ele seria uma das poucas crianças com deficiência ali, estava sendo incluído nas atividades, mas talvez não entendesse nada do conteúdo aplicado.

Em um outro momento, o matriculamos em uma escola especializada. No início eu fiquei ao lado dele dentro da sala de aula durante uma semana. Estava tudo indo muito bem até que, em um dos retornos para casa, ele convulsionou. Foi mais uma das dezenas de vezes que saímos correndo para um hospital. Na época eu me senti culpada de tê-lo exposto assim, tão cedo, ele tinha 4 anos. Nesta fase ele tinha crises convulsivas recorrentes.

Mesmo tentando adaptação em outras escolas, eu já havia entrado na fila de espera para matriculá-lo nessa que ele acabou de iniciar. Foram mais de 2 anos esperando. É uma escola muito perto de casa, com uma estrutura excelente, especializada em criança e adultos com deficiência e com um detalhe muito importante: eles podem ficar lá até adultos por meio período e com atividades curriculares. E isso é raro!

Claro que as escola vai estimulá-lo, vai instigá-lo a ter curiosidade, mas penso que a maior novidade é ter que lidar com a dor da separação. Esse é um momento difícil e doloroso para ambos, pais e filhos.

Diante de tudo isso eu me pergunto, será que a dor de deixá-lo na escola é só minha? Gostaria muito da opinião das mães que têm filhos com deficiência mais severa, como foi a adaptação deles na escola? Todos estudam ou só fazem apenas terapias de reabilitação?

A noite foi passando, ele dormiu, mas acordava de tempos em tempos assustado e nervoso, medimos a temperatura dele e estava com 38.3 graus. Então ligamos para Ecco Salva avaliá-lo porque com essa temperatura era um pulo para convulsão. Foi medicado, mas teremos que acompanhar para entender o que ele tem.

Amanhã é um novo dia!


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