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Meu filho vai nascer com o Pé Torto Congênito. E agora?

Meu filho vai nascer com o Pé Torto Congênito. E agora?
Franciela Fernandes
mai. 14 - 8 min de leitura
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Se você acaba de receber o diagnóstico de que seu filho (a) vai nascer com o Pé Torto Congênito e está completamente sem direção, se sentindo desamparada (o), preocupada (o) com o futuro e literalmente sem chão, leia este post. Escrevo o que gostaria de ter escutado ou lido no dia em que eu e meu marido soubemos do diagnóstico de PTC do meu filho, durante o ultrassom que revelaria o sexo do bebê.

A primeira coisa que tenho a dizer é: fique calma (o)! Tem tratamento. Seu filho (a) vai andar, correr, nadar e ter uma vida normal. Sim, normal! Você é mais forte do que imagina e vai vencer todas (todas mesmo!) as etapas deste processo que acaba de começar em sua vida. 

Apesar de estar aflita (o) e triste com a notícia, você precisa ser paciente consigo mesma (o), se culpar menos e buscar  amparo e acolhimento em sua rede de apoio. 

Não vai adiantar sair pesquisando dezenas de sites sobre o assunto e se deparar com imagens chocantes que te farão ficar ainda pior do que já deve estar. Faça isso depois, no seu tempo, quando passar o luto.  Chamo ‘luto’ porque vai chorar, se desesperar, perder a capacidade por alguns minutos, horas e dias, de enxergar a situação além desse turbilhão de emoções que toma conta da gente no momento. Também pode ser que não queira ouvir nada nem falar com ninguém sobre o assunto por um tempo. Respeite isso e faça os outros respeitarem sua decisão. Se alguém insistir, não tenha receio de dizer que não quer falar sobre o assunto. Você, e somente você, decide para quem contar, quando e como. Agora, precisa cuidar de você.

Respeitar o próprio tempo é outra dica importante. Quando achar que consegue pesquisar sobre o tratamento, faça isso. Consulte médicos de referência e sites confiáveis. Participe de grupos de redes sociais e converse com mães ou famílias que enfrentam desafios semelhantes. Isso vai te ajudar a encarar a nova realidade e confortar seu estado emocional de certa forma. Vai perceber que não está sozinha (o) nem deve enfrentar a maternidade (ou paternidade) e o tratamento sozinha (o).

Depois de reunir informações, reserve tudo isso numa caixinha em sua memória e só resgate quando seu filho (a) nascer. Até porque cada caso é um caso e o de seu filho pode ser diferente do caso daquela mãe que você conversou ou das informações do site que leu.

Se você, mãe, continuar triste ou permanecer deprimida por muito tempo, busque ajuda profissional. Não é normal ficar assim por muito tempo, menos ainda grávida.

Deixar de lado o assunto não significa que o diagnóstico deixou de existir. Mas você precisa ter força para seguir em frente, encarar sua gravidez como um momento único, assim como vinha fazendo até saber do diagnóstico. Ainda restam alguns meses para ter seu filho (a) nos braços, mas ele (a) está aí e sente o que você sente.

Priorize os cuidados com você, com a sua saúde e de seu bebê, se alimente de forma saudável, cuide do enxoval, do quartinho e em como irá receber seu filho (a). Tudo isso pode te ajudar a amenizar a preocupação que está sentindo neste momento e passará a pensar no HOJE e não no que irá acontecer no futuro. Viva o AGORA!

Nascer com o Pé Torto Congênito é mais comum do que se imagina. A cada mil nascidos, uma criança nasce com o Pé Torto Congênito, sendo mais comum em bebês do sexo masculino. Mais uma vez, fique calma (o). Tem tratamento!

Claro que tudo que uma mãe deseja é que seu filho (a) nasça saudável e perfeito. Mas, com o tempo, você vai perceber que o ‘perfeito’ é relativo e subjetivo. Todos nós temos limitações, independentemente de nascermos com alguma deficiência.

 

Enxoval

Compre apenas o necessário para o enxoval. Evite macacões com pezinho, pois na fase das trocas de gessos não tem como vestir esse modelo e nem na etapa seguinte, que será a do uso de órtese por 23 horas.

Opte por roupas com botões e fáceis de manusear o bebê. Invista em calças sem pezinho, com elásticos mais finos e tamanhos maiores que RN (Recém-nascidos). 

 

Tratamento precoce

O tratamento recomendado pelos médicos ortopedistas é o Método Ponseti, que inclui várias etapas: manipulação de gessos, a cirurgia Tenotomia (se o médico avaliar necessário) e uso adequado de órtese para correção da deformidade. A órtese é usada por 23h por três meses, retirando apenas para o banho, e depois por 14h, até os quatro anos de idade.

É recomendado que o tratamento seja iniciado nos primeiros dias de vida.  Meu filho, por exemplo, colocou o primeiro gesso aos 15 dias de vida.

 

Assistência ao recém-nascido

Após o nascimento de seu filho (a), ainda na maternidade, você receberá um encaminhamento para agendar consulta com um médico ortopedista infantil. Com este documento em mãos, agende a primeira consulta e inicie o tratamento de Pé Torto Congênito.

Uma dica importante é pesquisar sobre o profissional antes, verificar se o método aplicado é o Ponseti, anotar as dúvidas e perguntas que pretende fazer sobre o tratamento no dia da consulta.

Verifique também a cobertura de seu plano de saúde. Caso o convênio não tenha cobertura ou seja parcial, é importante saber disso antecipadamente para não ser surpreendida (o) quando seu filho (a) estiver fora da barriga.

Caso não tenha condições financeiras, saiba que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o tratamento. 

 

Rede de apoio

Ter uma rede de apoio é essencial antes, durante e depois da gravidez. Isso não significa invasão de privacidade. 

Se tornar mãe e pai é um processo. Não levamos somente nove meses para aprender essa missão. Talvez precisemos de uma vida inteira e ainda não teremos aprendido o suficiente.

As opiniões e sugestões são bem-vindas, mas não permita se contaminar quando os comentários forem negativos, invasivos, desnecessários ou até mesmo preconceituosos. O que é ruim também nos fortalecer, acredite!

A rede de apoio acolhe, ajuda a enfrentar o que vem pela frente, divide as tarefas e contribui para o emocional. Não tenha receio em pedir ajuda ou aceitar quando ela chegar. 

 

Acompanhamento psicológico

Na primeira consulta do meu filho, nos ofereceram acompanhamento psicológico. Não achamos necessário. Estávamos vivendo algo tão intenso e achávamos que não havia tempo para cuidar da gente naquele momento. Erramos e erramos feio. Essa conta chega e é alta, portanto, busque ajuda psicológica para saber lidar melhor com o que está acontecendo agora e o que vai acontecer depois,  no decorrer do tratamento. 

 

Amor para recomeçar

Se você for casada (o) ou tem um companheiro (a) nesta jornada, saiba que serão testados e colocados à prova muitas vezes durante este processo. Sim, o amor de vocês será testado como casal, amigos e cúmplices! Mas, pense que foram escolhidos e são capazes de cuidar deste serzinho que vai chegar com todo amor e dedicação. Só o amor é capaz de nos dar forças para superar os aprendizados de nossa jornada e vencer batalhas. E, vocês, vencerão! 

                      Martim aos 2 anos e 2 meses, em tratamento pelo Método Ponseti. 


Fontes para pesquisa sobre o Pé Torto Congênito: www.petorto.com.br/ www.primeiropasso.org

 

 


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