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Procurando Nemo, uma abordagem inclusiva

Procurando Nemo, uma abordagem inclusiva
João H. Fontenelle
jun. 3 - 4 min de leitura
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Recentemente pude rever um filme de animação “Procurando Nemo”. Já havia visto algumas dezenas de vezes quando minha filha era pequena, mas não tinha me dado conta da sua abordagem inclusiva e a sua pertinência em retratar o universo de pessoas com deficiência.

O foco é a trajetória do pai do Nemo, Marlin, e suas aventuras para chegar até o filho. Entretanto existem outras estórias relevantes que acontecem simultaneamente. Temos três outros personagens que retratam bem esta diversidade: O Nemo, um peixe palhaço com uma nadadeira defeituosa, a Dory, um peixe com falta de memória recente, e o tubarão Bruce que não quer comer peixe. Apesar destas diversidades com relação aos padrões com que se esperaria de cada um, podemos verificar que todos eles estão tanto harmonicamente incluídos nesta estória, quanto tiveram papeis relevantes para o desenrolar de seu final.

O filho, cuja uma das nadadeiras é deficiente, é superprotegido pelo pai, o qual não o vê com as potencialidades que possui e quer resguardá-lo de todos os perigos da vida. Qualquer semelhança com a realidade seria uma mera coincidência. Mas uma atitude rebelde em função desta superproteção leva Nemo a ser capturado por um aquarista.

A partir deste momento se inicia a aventura do pai para seu resgate. Mas o que ocorre realmente é que não é o pai que resgata o filho, mas o próprio Nemo que consegue escapar por “suas próprias mãos” e com o apoio de seus amigos do aquário em que estava aprisionado. Além disso, após chegar no mar, é o Nemo que salva a Dory, a acompanhante de Marlin, de ser apanhada pelas redes dos pescadores, através da aplicação dos conhecimentos que aprendeu com seus amigos de aquário.

Não coloco em discussão os princípios físicos desta fuga ou do resgate, mas a mensagem que se querem passar com isso é muito mais importante.

Em segundo lugar, é a própria Dory, um peixe com amnésia – representando a deficiência intelectual – que fala, além de várias outras frases fantásticas, uma das de maior impacto para visualizar a relação entre o Merlin e seu filho, enquanto estavam dentro da boca da baleia:

Marlin: Eu prometi a Nemo que nunca deixaria que nada acontecesse com ele

Dory: Mas se você fizer com que nada aconteça com ele, aí nada vai acontecer com ele. Isso não seria legal com Nemo

Com isso ela expõe o absurdo com que o pai, Marlin, queria fazer com a vida de seu próprio filho. Nada similar com o que acontece no mundo real.

E por último, o Tubarão Bruce que não quer comer peixe. É claro que esta opção é um fator chave para a continuidade da estória, pois se não fosse isso, este encontro acabaria ali, com Merlin no estomago do Bruce. Mas o fato de possibilitar que um personagem possa negar seus instintos e seguir escolhas além dos padrões “socialmente aceitos” está ali presente.

No contexto, este desenho de animação aborda questões relativas a deficiência física, deficiência intelectual, opção por identidade diversa do “natural”, em uma estória de colaboração, onde independente das deficiências, se ajudam, aconselham e se expressam em colaboração de uns com os outros. É um motivo para termos mais confiança com relação às próximas gerações.

 


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