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Rotina de uma Mãe de UTI - Leãozinho Leo Cap.7

Rotina de uma Mãe de UTI - Leãozinho Leo Cap.7
Carla Delponte
mar. 22 - 7 min de leitura
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O texto abaixo faz parte da história de superação do meu filho Leonardo (Leãozinho Leo), a qual estou contando em etapas. O objetivo é que possamos ajudar pais e mães que estão passando por uma situação similar, a ganharem força e coragem. A vocês, o que posso dizer é algo que aprendi lendo um livro que ganhei de uma grande amiga e mãe de UTI, mãe que me ensinou o poder da fé:

"Saibamos que Deus tem estradas para você aonde os médicos não encontram mais caminhos" . (Livro: O médico Jesus)


Saudades da luz do dia...

Sem saber tudo que ainda estava por vir, eu já me sentia esgotada, muitas dores do parto, parecia que aquilo não tinha fim. Já eram quase 40 dias sem olhar para o céu, sem sentir o sol.

Meus pais e minha irmã ainda estavam em São Paulo, e eu ainda internada em repouso agora no quarto do hospital. E só havia passado dois dias desde o nascimento do meu filho.

Sem nem lembrar que isso pudesse acontecer, a uma enfermeira entrou no quarto e perguntou sobre meu leite, se já havia descido. Eu sinceramente nem pensei sobre isso. Mal tive o gostinho de me sentir grávida...teria eu condições de ter leite?

Sim eu tinha...e a enfermeira me ajudou a ordenhar (essa palavra soava estranha para mim). Mal sabia eu que minha rotina dali para frente passaria a ser seria ir ate a sala de ordenha do hospital várias vezes ao dia, para meu filho receber leite materno. Eu ainda tinha um acesso venoso puncionado na mão, e transitava empurrada em uma cadeira de rodas. Fui levada ate lá e com a dor do parto, e da distancia do meu filho só me restava pedir a Deus pela melhora dele e ordenhar a maior quantidade possível de leite para ajudá-lo. 

No caminho até a sala de ordenha do hospital, havia um aglomerado de pessoas olhando através de um vidro... Sorrisos, conversas altas...Levantei minha cabeça para olhar, enquanto meu marido empurrava minha cadeira.

Era o berçário...

Não posso negar...Senti um misto de dor, mágoa e até inveja. Eu precisava controlar aquele sentimento pois tratava-se de um berçário! Eram bebês nascidos em ótimas condições, esperando apenas  ir para casa. Os familiares estavam ali sim, felizes! É óbvio que estavam felizes! E que culpa tinham do que aconteceu comigo?

Eu chorei muito, pois meu filho estava lutando pela vida na UTI. 

Não me culpo mais sobre esse sentimento, aprendi a entendê-lo após perceber que todas as mães que conversei, e que passavam pelo processo de ter um filho em UTI Neonatal sentiam essa angústia, essa dor.

Com o tempo esse sentimento foi melhorando, mas eu era obrigada a passar por ali no mínimo cinco vezes ao dia para ordenhar. E muitas e muitas vezes eu precisava passar no meio das pessoas. Sempre olhava para os bebês, mas aprendi a olhar para eles visualizando que o meu filho ficaria daquele tamanho, e iria para casa comigo. Era um "norte" para mim.

Ao chegar na sala de ordenha, eu precisava me paramentar com vestimentas hospitalares limpas que estavam a disposição para cada ordenha, além de touca, máscara, e ainda o mais importante, higienizar muito bem as mãos para não contaminar o leite ordenhado.

 

Nesse mesmo dia, após meu marido sair para resolver algumas pendências administrativas com o hospital, minha mãe ficou comigo no quarto.

Pedi a ela que me levasse ver o Léo na Uti neonatal. Ela ficou preocupada com as condições que eu ainda estava mas acabou me levando de cadeira de rodas até o andar da neonatal.

Tive que entrar sozinha, o horário não permitia a entrada de ninguém mais além dos pais.

Uma enfermeira passou a assumir a minha cadeira de rodas e eu entrei para ver meu filho pela segunda vez em uma semana. Desta vez era de manhã...eu ainda estava fraca, mas queria muito vê-lo. Quando me aproximei da incubadora vi meu filho quietinho, os barulhos altos da UTI e aqueles inúmeros canos por todas as partes. Veja o vídeo do Leãozinho Leo no link abaixo.

http://bit.ly/2FYvgsV 

Então aproximou-me de mim, o médico diarista. Parecia uma pessoa bem calma...Perguntei a ele como o Léo estava pois até então eu não havia recebido nenhuma informação sobre o estado de saúde dele, apenas informações que vinham dos médicos para meu marido, com carinho, fé e esperança.  

O pediatra foi carinhoso, delicado, mas sobretudo, sincero. Aquelas palavras mesmo com toda delicadeza do mundo, soaram como uma bomba dentro de mim. Foi a primeira vez que eu ouvi de uma terceira pessoa que o estado do meu filho era gravíssimo, e que as chances eram mínimas. Falei a ele que já sabia de tudo aquilo mas mais uma vez, estranhamente tudo começou a girar.

Eu realmente não queria acreditar naquelas palavras e logo que ele terminou de dar as informações, sem que ninguém percebesse, eu pedi ajuda da enfermeira para que trouxesse a cadeira porque eu estava com tonturas. Aquela sensação estava cada vez mais frequente em minha vida, e para que nunca havia passado por isso, era assustador sentir tudo a minha volta rodando...

A enfermeira me levou até minha mãe, que estava aguardando ao lado de fora da UTI, e sem entender o que aconteceu, acabou retornando comigo ao quarto do hospital. E lá eu voltei para cama e chorei muito, até dormir. Minha mãe ficou muito aborrecida com aquela situação, queria voltar lá na UTI neonatal e falar com o médico, mas a culpa não foi dele. Ele foi infelizmente o primeiro profissional, médico, a conversar comigo de forma mais direta. E eu ainda não estava preparada para aquilo, devido o meu estado.

Quando o Renato chegou do trabalho no hospital, ficou muito irritado também, até mesmo comigo pois não queria que eu tivesse ido sozinha nessas circunstâncias, mas quem segura o coração de uma mãe?

Enfim, no outro dia retornamos a UTI Neonatal e encontramos uma outra pediatra que acabamos tendo maior afinidade por tratar-se da médica responsável pelo Léo na hora do nascimento. Contamos a ela o que houve, sobre a minha interpretação do que o médico tinha falado pela manhã. Meu marido estava chateado, achava que eles não deveriam ter falado comigo sobre a situação do meu filho tão abertamente, pois eu ainda estava fraca. A médica não sabia exatamente o que havia ocorrido, mas foi uma mãezona (apesar dela dizer que não tinha idade para tal), e me acalmou.

Enfim, a história com o médico eu ainda contarei com mais detalhes mais para frente, pois como dizem por aí, nada é por acaso...

 

Já leu o capítulo anterior da história do Leãozinho Leo? 

Caso queira se inteirar de toda história do Leãozinho Leo, entre no link abaixo:

https://mundoadaptado.com.br/blog/quando-conheci-meu-filho-texto-6

Ou acompanhe todos os textos da história do Leãozinho Leo aqui:

https://mundoadaptado.com.br/leo/t

 

 


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