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Brincar: o melhor combustível para o desenvolvimento da criança

Brincar: o melhor combustível para o desenvolvimento da criança
Franciela Fernandes
nov. 28 - 5 min de leitura
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Eu não sabia brincar com o meu filho quando ele ainda era um bebê e usava gesso para o tratamento de Pé Torto Congênito (PTC). Eu não sabia como interagir sem me preocupar se determinada posição da perna com o gesso poderia machucá-lo. Com base na minha pouca experiência com crianças durante a vida, brincar com um bebê foi algo que fui desenvolvendo ao longo desses 1 ano e 8 meses do meu filho.

Compreendi que não é o brinquedo que faz a criança se entreter, o que realmente importa é a sua presença na brincadeira. É você ficar ali perto, ainda que seja por alguns minutos, entrar devagarinho no mundo da imaginação dele (a), das cores e de todas as possibilidades de aprendizados que brincar pode oferecer para eles e para nós adultos, pais e cuidadores.   

Eu já tinha assistido a vários vídeos na internet de como trocar fraldas, dar banho, fazer dormir, dar carinho, aconchegar, mas não vi nem deu tempo de aprender as 1001 brincadeiras para garantir a interação com o meu filho. Tudo foi rápido, intenso e, com o início do tratamento, não houve espaço para brincadeiras. Levei a sério demais, talvez. Tive de mudar isso para me aproximar do meu filho, mostrar pra ele que sei brincar, entreter e, juntos, podemos descobrir coisas incríveis brincando, o que é a melhor parte.

Muitas vezes, eu interagia muito mais com o meu filho nos momentos em que realizava os exercícios diários em seus pezinhos e perninhas, para ajudá-lo a ganhar força após a fase das trocas de gessos e início do uso da órtese. Não era divertido pra mim, mas era o que eu tinha para oferecer para ele naquele momento.

Eu também não tinha noção do quanto o ato de brincar era importante, independentemente de como seria essa brincadeira. Hoje entendo que brincar é um combustível para o desenvolvimento dele. E não estou aqui falando dos brinquedos mais modernos, eletrônicos, cheio de luzes e que falam. Estou falando de brincar fazendo sons com a boca, com as mãos, imitando personagens da imaginação, pegando os mais variados potinhos possíveis, buscando aquela pedra diferentona pelo caminho ou mesmo usando grãos e frutas que estão na fruteira. O ato de brincar é o ato de brincar. Não importa a qual instrumento você vai recorrer!

Após meu filho ser submetido ao uso de vários gessos e da órtese por mais de 1 ano e meio, percebo que acabou desenvolvendo melhor a coordenação motora dos membros superiores. Hoje ele anda, começou a correr e está aprendendo a subir em móveis. Mas, ainda assim, seus membros superiores parecem ter mais força e maior coordenação motora. Exemplo disso é uma brincadeira que fazemos sempre: pegar pedrinhas, grãos e passar de um pote pro outro. O ato de transferir as pedrinhas, os bonequinhos ou mesmo os grãos de um pote para o outro é algo que o tranquiliza e me acalma.

Sentar perto dele e ficar observando esse gesto, de encher e esvaziar, é renovador.

Outra brincadeira que fazemos é o de encaixar e empilhar coisas. Normalmente, assim como a maioria das crianças, os itens mais divertidos são as panelas, os potes coloridos da cozinha ou os livros da estante.

Tudo vira brinquedo: o cordão, a etiqueta, o adesivo, o pincel, as caixas de sapato. Não importa qual será o brinquedo que você vai usar para brincar com o seu filho. O mais importante é brincar com ele. Estar com ele. Interagir e fazer desse momento algo especial para vocês dois.  

Em uma das palestras que assisti no III Congresso Internacional de Educação Especial, o Tiago Aquino Paçoca, que é um professor e hoje viaja o Brasil falando sobre práticas de brincadeiras na Educação Infantil, disse o seguinte: ‘o ato de brincar completa o mundo mágico infantil, pois é uma das principais formas de autodescoberta e vivências da própria criança, partindo da percepção de seus limites e de suas possibilidades, explorando seu ambiente através de suas brincadeiras de uma maneira saudável e produtiva. É a integração de suas primeiras experiências culturais’.

Ele tem razão. Estou aprendendo a enxergar em tudo possibilidades de brinquedos e brincadeiras com o meu filho. Os brinquedos estão por toda parte, em múltiplas linguagens, basta aprendermos a encontrá-los e brincar.

É o que eles precisam para se desenvolverem!

 


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