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Crise Convulsiva Febril - Investigação Neurológica - Parte 2

Crise Convulsiva Febril - Investigação Neurológica - Parte 2
Paulo Noronha Liberalesso
mar. 28 - 4 min de leitura
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Crise Convulsiva Febril - Investigação Neurológica - Parte 2

Não deixe de ler a primeira parte aqui.

O diagnóstico da convulsão febril é essencialmente baseado em dados clínicos, embora exames laboratoriais complementares estejam indicados na identificação do foco infeccioso.

A Academia Americana de Pediatria sugere que a punção lombar para coleta do líquido cefalorraquidiano seja “fortemente” considerada em crianças abaixo de 12 meses, após a primeira convulsão febril, nas quais as manifestações da meningite podem não estar presentes, e naquelas entre 12 e 18 meses de vida, nas quais essas manifestações podem ser incertas.

Em pacientes acima de 18 meses, com primeiro episódio de convulsão febril, a punção lombar não deve ser realizada rotineiramente, mas, sim, mediante a observação clínica de sinais e sintomas sugestivos de infecção do sistema nervoso central.

Lembrar que o uso de antibióticos pode mascarar manifestações clínicas de meningite, devendo ser um aspecto analisado no momento de decidir pela coleta do líquido cefalorraquidiano.

Autores mais conservadores acreditam que a punção lombar não deva ser realizada rotineiramente, e sim, guiada pela 
suspeita clínica frente à observação de quadro sugestivo de meningite, mesmo nos menores de 1 ano.

Embora estas orientações sejam úteis para auxiliar o médico, que atende uma criança no pronto socorro que apresentou a primeira convulsão febril, a decisão final sobre coletar ou não o líquor baseia-se, fundamentalmente, na experiência clínica do médico que assiste à crianca.

Exames de sangue, como hemograma, hemocultura, eletrólitos e outros, não devem ser realizados rotineiramente, mas, sim, em casos específicos conforme indicação e necessidade clínica. Estes exames são dirigidos à busca do foco infeccioso, 
não fazendo parte da investigação rotineira da convulsão febril.

Eletrencefalograma:

O eletrencefalograma tem valor limitado na investigação das convulsões febris, uma vez que não contribui efetivamente para o 
diagnóstico e conduta. Seu valor quanto à avaliação prognóstica não está completamente estabelecido, embora muitos autores julguem desnecessária sua realização rotineira.

Ao contrário do que se imaginava anteriormente, quando indicado, o eletrencefalograma deve ser realizado o mais precocemente possível, de preferência nas primeiras 24 horas que se seguem ao evento.

Sabidamente, quanto mais precocemente realizado maior a chance de serem observadas as alterações eletrográficas, como alentecimentos focais e descargas 
epileptogênicas.

Se a presença de alterações no eletrencefalograma aumentaria 
o risco da criança com convulsão febril evoluir com epilepsia no futuro, é assunto incerto.

A Academia Americana de Pediatria recomenda que o eletrencefalograma não seja realizado após o primeiro episódio de convulsão febril simples, por não contribuir para o diagnóstico e nem apresentar relação com o prognóstico quanto à recorrência 
ou a evolução para epilepsia. Mesmo nas crianças com convulsão febril complexa, o eletrencefalograma não deve ser utilizado 
isoladamente como índice prognóstico para o desenvolvimento de epilepsia.

Exames de neuroimagem:

Em decorrência da natureza benigna das convulsões febris, há poucos estudos avaliando um grande número de crianças através de exames de neuroimagem como a tomografia de crânio e a ressonância magnética do encéfalo.

A Academia Americana de Pediatria preconiza que exames de neuroimagem não sejam realizados rotineiramente em crianças com 
convulsões febris simples. Apesar de assunto ainda controverso, exames de neuroimagem são, frequentemente, incluídos na investigação de crianças com convulsão febril complicada.

A indicação ou não de um exame de neuroimagem deve sempre levar em consideração a experiência do médico pediatra ou neuropediatra responsável pela criança e, sobretudo, o exame neurológico realizado de forma minuciosa. Qualquer alteração clínica observada durante o exame neurológico justifica a realização de exame de imagem para avaliar a integridade do córtex cerebral. Leia mais sobre o tratamento aqui. 


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