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Turismo radical acessível

Turismo radical acessível
Simone Coelho
jul. 27 - 3 min de leitura
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Eu sempre me considerei uma pessoa medrosa. Tenho medo de dirigir, medo de fracassar, medo de perder meus entes queridos. Alguns amigos, para serem agradáveis, sempre ressaltavam as minhas fortalezas, na tentativa de mostrar que eu essa qualidade (ou seria defeito) não me define.

Nas últimas férias, eu tive a verdadeira constatação: sou medrosa mesmo.

Patric e eu subíamos de trator um montanha de 140 m. Ao alcançar o topo, que visual. Um contato forte e belo com a natureza em um local cercado de plantações e cachoeiras. Já estava quase convencida que não precisava de mais nada para sentir paz. Até que escuto bem no fundo:

- Quem vai fazer tirolesa?

O circuito, chamado de espanto, liga a cidade de Socorro (São Paulo) a Bueno Brandão (MG) em três tirolesas de 1 km, 400m e 200m, respectivamente. A primeira desde a mais de 50 km/h, naqueles 100 m que havíamos subido. Eu quase por impulso pensei em responder: Não vou. Mas tão rápido como o meu pensamento o Patric falou: "Nós vamos".

Pensei em repreendê-lo, em dizer que não ia, mas novamente falhei na velocidade. Antes que eu pudesse falar, escutei:

- Também quero ir.

Tal frase vinha de uma menina de 5 anos. Sim, 5. Nessa hora tive absoluta certeza das minhas falhas e, claro, tinha que descer o tal circuito radical.

Mas deixando o meu medo de lado, a cidade foi escolhida para um passeio por nós pela acessibilidade nos esportes. Já tem alguns anos que Socorro se propôs a ser o município mais adaptado do Brasil. Bom, nem todas as guias e calçadas do centro histórico estão preparadas para cadeirantes, no entanto, também é verdade que em questão de esportes radicais, eles não deixam nada a desejar. Além da tirolesa, o Patric fez rapel, rafiting, andou a cavalo, passeou de trator e ainda poderia ter feito boia Cross. O único esporte não adaptado era arvorismo, mas esse ele também não fazia questão em participar.

Ficamos em um hotel em que a equipe toda estava (muito) bem preparada para receber deficientes: o Parque dos Sonhos. Além das rampas e do quarto amplo, o Patric recebeu uma cadeira motorizada para utilizar durante a hospedagem, cadeira de banho, cadeira de piscina e as adaptações necessárias para guiar o cavalo.

Isso falando de pessoas com problemas de mobilidade, mas o hotel tinha uma estrutura com faixas de sinalização para guiar deficientes visuais, além de placas em braile.  As acomodações também geraram uma surpresa boa. Quem tem algum parente com deficiência sabe que a maioria dos hotéis oferecem poucos quartos adaptados. No Parque dos Sonhos, todos os quartos estavam nessa categoria. Não é à tão que em 2010 o Hotel Fazenda Parque dos Sonhos recebeu o Certificado de Acessibilidade em Edificações Hoteleiras seguindo a norma NBR ABNT 9050.

Com essa estrutura fica fácil querem praticar esportes. Bom talvez no meu caso não seja tão simples assim, mas isso é assunto para uma outra conversa.

Leia também sobre o Parque Ecológico acessível para cadeirantes em São Bernardo do Campo. 


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